sábado, 13 de dezembro de 2014

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Nunca achei que fosse tão difícil conseguir encontrar um sonho pra viver,
Antigamente era tudo tão planejado, tudo tão certo... Eu sabia tudo o que iria conseguir...
O plano era passar na faculdade, ser juíza e seguir com a profissão tão aclamada.
A faculdade de direito, fazia parte da minha vida. Estava em todos os meus planos na adolescência. Todos perguntavam, "Qual curso você quer fazer?" . E eu toda inocente, respondia : "Direito!"
Com apenas 8 anos de idade, eu já sabia que queria ser juíza de alguma forma, E isso percorreu até o dia que eu passei na faculdade. Não era a que eu sonhava, mas tava bom. Era perto de casa, com um bom nome e um bom ensino. Só que o sonho de ser juíza foi mudando nas primeiras semana de aula, e agora, no fim do segundo ano de faculdade, com um pé no terceiro e todos os exames pra fazer, eu já não sei o que eu quero fazer.
 Não tenho nenhum sonho pra seguir, a não ser passar na prova mais difícil de segunda. Uma de um professor que não sabe dar aula, só fica olhando para as bundas das meninas e ri dos alunos de exame.
Tá, que nessa última sexta-feira, eu fiquei de exame de Direito do Trabalho, sim a matéria relativamente mais fácil, depois de filosofia jurídica e sociologia. E essa prova, a professora decidiu colocar todo o seu rancor sobre questões impossíveis de fazer. E toda a minha ansiedade se transformaram eu um choro histérico nos últimos minutos da prova...
Tenho que decorar a Constituição inteira para a prova de segunda, mas a minha vontade de deitar e dormir está maior do que a vontade de continuar lutando por algo que eu nem sei o que...
E nesse momento é isso que eu vou fazer, é sábado, está chovendo, não estou com o meu namorado...
Então... boa noite
14:19 p.m

domingo, 30 de novembro de 2014

Você se tornou a parte mais incansável do meu ser.
Todos os dias, é como se eu vivesse uma vida à mais.
É como se eu vivesse um sonho, uma dor, uma angustia, uma dor na barriga ou apenas uma canseira na tarde de domingo à mais.
Talvez seja apenas um clichê americanizado, ou histórias felizes de sessão da tarde. Mas nada disso me importa, você se tornou uma parte de mim.
Infelizmente, é uma parte que eu não posso levar para todo o lado,
e nem deixar de lado quando eu quero.
É uma parte insistente, incompreendida e totalmente aceita.
Você se tornou um peso e uma calma, se tornou a dor e o grito de orgasmo, você se tornou tudo.
Tudo pode ser um exagero, pode ser imenso demais, mas é apenas o meu tudo, ou o meu ponto de vista de tudo. Porque até amar alguém é um ponto de vista.
Eu te amo de vários ângulos e várias formas diferentes todos os dias.
O meu tudo, pode nem ser o seu "tudo".
Amar alguém, é amar alguém de várias formas.
É ter paciência com patada logo quando acorda, é saber apreciar o esforço de um presente feito a mão, é esperar escolher uma camisa para poder ficar bonito em uma festa de uma amiga sua.
E assim você se tornou a parte mais necessária do meu ser.
E assim, com todos os defeitos, você se tornou a parte mais importante, do meu dia e da minha vida.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

dor

Você foi embora do jeito mais cruel que alguém pode ir.
Me deixou esperando com as lágrimas nos olhos e o aperto no coração.
Toda a nossa vida passou diante de mim.
Foram horas, foram dores, sorrisos e a chegada.
Você se foi, deixou tudo pra trás como se nada valesse a pena.
Deixou um sonho, deixou uma vida, deixou uma filha.

Você foi, apenas foi.
Não deixou explicação.
Só deixou o vazio...
o silêncio...
a dor...

Não deixou um bilhete,
não deixou um por quê.

Nós que sempre caminhamos juntas,
fomos separada por uma dor que não parece que vai mudar.

A separação, a vida arrancada em frente aos meus olhos,
a solidão  e toda aquela velha história,

Eu à mãe...
você à filha...

Eu aqui,
você por aí.

Todas as dores foram jogadas e parecem que não tem nenhuma cura.

Você voltou.
Dizem que quando se ama alguém e quando esse alguém te ama,
ele sempre volta.
E é verdade...
você voltou.

Mas, primeiro se foi...
primeiro deixou com que tudo acontecesse.

Mas agora,
está aqui...
dizem que está tudo bem,
dizem que eu não posso parar,
dizem que eu tenho que continuar...
é apenas isso...

continue,
continue,
continue...

Você sorri agora,
com a vergonha toda estampada no olhar,
com uma dor também apertando no peito.
você me pergunta como vai ser daqui pra frente.

E eu apenas digo,
continue...


domingo, 19 de outubro de 2014

Estranho rapaz

Quando ele chegou,
O estranho rapaz,
transformou totalmente o meu mundo.
Com seus olhos penetrantes,
me deixou nua diante da vida,
tirou minhas vergonhas, meus medos e minhas mentiras.
Eu já tinha ouvido falar do amor,
mas nunca deu uma chance pra mim.
E seu olhar mundano, falou uma língua que eu logo entendi.
Senti no meu corpo,
uma coisa louca que eu nunca senti.
Ele me tomava por inteira,
olhava meu rosto, minha boca e meus peitos.
E ele olhava no meio, bem dentro de mim.
Ele parecia enxergar todo o meu mundo dentro de mim.
Entrou sem pedir licença, sem bater na porta e por ali ficou.
Não tinha receio e deixei ele alojar toda uma vida por mim.
Desejei desde o começo,
e sempre soube que o primeiro beijo,
nunca teria fim.
Seu olhar penetrante,
me despiu por inteiro, todas as mascaras,
curou todas as magoas e me deixou só pra ti.
O estranho rapaz,
já não é tão estranho assim,
já desvendei todos os seus mistérios 
e as suas mentiras.
O rapaz, me tornou só sua,
com todos os encantos de uma vida,
e uma certeza única.
Hoje eu sou toda dele,
assim, como ele é todo pra mim.

sábado, 5 de julho de 2014

me.

Eu simplesmente cresci.
Não foi algo que eu consegui acompanhar ou entender. Apenas aconteceu.
Os dias começaram a não passar e os meses acabavam mais rápido do que o café na minha xícara.
O vento já não soprava e o sol clareava as minhas caminhadas até o ponto de ônibus às 6:30 da manhã.
Está tudo tão diferente. Os sonhos, os valores e os momentos.
Acostumei a planejar tanto o futuro que esqueci de aproveitar o presente. E o presente, está acabando, está se tornando passado.
E quem iria acreditar que eu teria tanto medo do futuro?
Eu estava com tudo planejado há anos, com todos os sonhos dentro de uma caixa guardada dentro de uma gaveta, todos os medos escondidos dentro de um coração fingindo não sentir, estava tudo planejado.
A faculdade, o trabalho e o sucesso.
Mas, de tanto querer agradar onde foram parar meus verdadeiros sonhos?
Onde foram parar a razão de eu ter escolhido certos caminhos?
Quando criança eu me imaginava julgando os casos mais terríveis da humanidade, ou o caso de crianças que estão desprotegidas nesse enorme mundo, sofrendo de abusos onde ninguém possa salva-las.
Eu sofri um certo tipo de abuso e ninguém acreditou em mim, exceto minha família.
Eu era a garota nova no interior, tinha acabado de entrar na sexta serie e um grupo de 10 meninos se juntaram e passaram a mão em mim. Até uma certa idade eu achava que era minha culpa, eu achava que eu não devia ter me enturmado tão cedo. Mas, a gente cresce e percebe que certas coisas estão completamente erradas que certos sentimentos não estão certos.
Talvez seja por isso que estou com tanta dúvida em qual caminho seguir. Eu cresci e percebi que o sonho de querer ajudar o mundo é mundo mais complicado do que sair e fazer o certo. Você tem que lidar com dinheiro, com ignorância, com falsidade. Você tem que lidar com o mundo. E o mundo dá medo.
Ultimamente, as pessoas que eu mais amo, não estão felizes com certas atitudes que eu venho tendo.
Mas tudo bem, em algum momento eu vou conseguir aceitar o que está acontecendo em minha vida. O que está acontecendo dentro de mim. A vida não para quando estamos em pedaço mas certas pessoas ajudam a colar o que está tão despedaçado. E hoje, eu não sei o que eu faria sem elas. Ou melhor, sem ele. Ele se tornou uma parte necessária do meu ser. E mesmo eu ás vezes não acreditando que eu finalmente, mesmo tão jovem, encontrei alguém que me faça tão bem. Eu estou feliz por isso. Eu já machuquei certos corações assim como ja machucaram o meu, mas o dele se tornou algo maior, o coração dele se tornou o meu assim como o meu se tornou o dele. É complicado dizer isso quando se é trocada por outra mulher aos 9 anos de idade. É meu pai escolheu ter outra vida além da minha. Ele traçou esse caminho pra ele e deixou cicatrizes no meu. Mas, hoje em dia se tornou algo normal deixar de lado a vida que um dia tanto planejou por algo mais egoísta. Você planeja uma família e simplesmente a abandona. Hoje o número de divorcio está tão grande e o número de pessoas infelizes também. Certo, a paixão pode acabar, dois corações podem simplesmente não bater na mesma sintonia mas, deixar de lado um ser que veio de uma parte de você é algo mais egoísta que um ser humano pode fazer.
Deve ser por isso que eu ainda tenho dificuldade de entender que eu cresci.
Agora eu tenho que seguir o meu caminho, semear o meu presente para poder colher meu futuro.
Eu não sei como estarei daqui uns anos, nem sei como vou ter aguentado certas dificuldades na minha vida. Mas eu sempre disse, que eu já sofri certas coisas muito cedo para poder ser feliz no futuro. E é isso que eu quero. Ter um futuro feliz. Apenas feliz. Com ele do meu lado e eu do lado dele. Não como um filme da Disney
com um "Felizes para sempre", por que felicidade é momentânea e deve se aproveitar ao máximo quando isso acontece, porque nunca saberemos o que pode acontecer no outro momento. Somos todos cheio de magoas e cicatrizes não curadas. E talvez por isso que algumas pessoas são tão tristes e sozinhas.
Eu ainda não consegui decidir o meu caminho nessa longa jornada. Mas se eu conseguir fazer a diferença na vida de alguém, eu vou saber que a minha existência não foi em vão.
Sim, eu cresci.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Toda a cerimonia de fazer tudo certo, não tinha mais nenhum significado para mim. Os sonhos foram realizados e nada parecia ser real.
Os planos tão almejados, os desafios tão marcantes.
Tudo.
Nada tinha tanta paizão.
Meus dias se tornaram os mesmos.
Não sabia mais qual caminho seguir.
O futuro parecia tão distante.
E o medo tão presente.
Minhas crenças desaparecem.
A fé se tornou algo impossível.

sábado, 3 de maio de 2014

Tudo!

Meus dedos brincavam entre os fios dos seus cabelos, embaraçados, deitados do lado direito do colchão.
Seu corpo descoberto, mostrava a tatuagem antiga, feita no calor do momento e que demostrava toda uma história.
Meus dedos subiam e desciam suas costas, o arrepio, mostrava diante dos pelos erguidos. Seu corpo estremecia, mas o sono era pesado demais para ter alguma outra reação.Eu sabia de cor toda as manchas e pintas que decoravam seu corpo.
Meu sorriso estampado atrás de todo o seu monte estirado no colchão velho da nossa nova cama de casal,
ria de um ronco mais alto.
Eu estava perdida em pensamento,sentindo apenas o novo shampoo em seus cabelos, eu ia direto para uma realidade que eu jamais desejei. Uma realidade que eu tinha medo, uma verdadeira covarde diante da felicidade. Eu era fraca demais para imaginar sentir o que eu sentia hoje.
Eu me lembro bem de todos os nossos momentos, do nosso primeiro encontro, do primeiro sorriso, de você caminhando com o óculos escuros dizendo "Oi, você está aqui faz tempo?" "Não, acabei de chegar". Mas não era verdade, eu tinha chegado faziam 15 minutos, mas eu não queria parecer ansiosa.
Eu não queria aparacer tantas coisas. Mas, com o tempo, eu pude demostrar meus medos, minhas fraquezas. Toda a covardia desapareceu, e eu consegui ser totalmente verdadeira.
E agora, seu corpo estendido de uma maneira confortável, significa toda a luta por algo sincero.
E nada fazia sentido se eu não tivesse você ali deitado.
Nada.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Tereza 1949 - parte 3

"Querido,você não vai vir pra cama?"

"Já vou,já está acabando o filme."
Eu já estava quase sonhando,quando senti seus braços se envolverem nas minhas costa se aconchegando entre as curvas do meu corpo deitado em posição fetal.

"Tá acordada?"

"Hum."

"Posso te contar uma coisa?"

"Hum."

"Eu odeio esses vizinhos."

"E quem você não odeia?"

"Ah,eles vieram perguntar porque depois de 3 anos de casados nós não temos um filho."

"E o que eles tem com a nossa vida?"

"Eu os mandei à merda."
Eu me virei de frente pra ele,o bafo da pasta de dente de hortelã ardia em meu nariz e seus olhos azuis brilhavam na escuridão como duas pedras preciosas.

"Eu não quero ter filhos agora. E você?"

"Ah,até que seria legal."

"Sei,você só quer calar a boca dessa gente."

"Não,eu só queria ter um filho seu."

"E como vamos ter um filho?Não temos nada nosso.Estamos nessa pensão há meses,Vicente."

"Eu sei,eu sei."

"Você sabe e mesmo assim quer ter um filho nessas condições."

"Um filho não precisa ser um problema."

"Não estou dizendo que é um problema",eu disse enquanto levantava.

"Onde você vai?"

"Vou no banheiro,posso?Toda essa conversa me deu vontade de fazer xixi."

"Como pode..."disse Vicente também levantando e encostando na parede do banheiro.

"Como pode o que?"disse sentada no vaso.

"Como você pode ser tão diferente dessas mulheres de hoje em dia,que só pensa em ter filhos e agradar
seus maridos?"

"Eu só não quero ter filhos agora,meu amor."

"Eu sei."

"Ah,mas eu agrado muito bem meu marido,isso sim".

"Isso é verdade."

Vicente,estava em cima de mim,quando o despertador tocou ás 4:30 da manhã,nossos gemidos baixinhos abafados pelo toque do despertador foram aumentando,os urros de prazer tomaram conta daquele quarto velho da pensão mais barata da cidade.As paredes rosadas,os azulejos azuis do banheiro e o tapete vermelho no chão,sentia a paizão que saia dos meus gemidos.Eu encarava aquele olhos azuis de tal maneira que senti o momento em que ele despejou em mim tudo o que sentia naquele momento.Vicente acendeu seu velho cigarro e ficou sentado no canto da cama me observando enquanto eu corria pro chuveiro tomar um banho para poder ir trabalhar.

"Vou ir fazer o café."gritou Vicente do quarto que ficava há poucos metros do banheiro,tivemos sorte em achar uma pensão que não tivesse banheiro compartilhado.

"Que horas você entra hoje?"disse enquanto tirava a espuma do sabonete do meu corpo.

"Só as 10 horas,amor."

Sentamos na mesa redonda no canto da parede rosadas,Vicente me serviu o café e pegou as torradas no canto da pia da cozinha.Era um quarto pequeno,mas tinha tudo o que precisávamos. Uma pia pequena,um fogão de duas bocas,uma cama,um pequeno guarda-roupa e um banheiro.

"Até quando você vai ficar nessa empresa?

"Ah,até um conseguir o suficiente pra gente juntar e comprar nossa casa."

"Mas isso é coisa de homem fazer."

"Você tem o dinheiro todo?"

"Ainda não,ainda não."

"Então,porque eu não posso ajudar?" Levantei, coloquei a xícara na pia enquanto cantarolava uma música "In the Mood" de Glenn Miller.Beijei a testa de Vicente,mas ele me puxou e me deu um super beijo enquanto acariciava levemente minha pele por baixo da velha saia do uniforme da empresa.


"Tá,né. Bom trabalho."

"Trás as coisas pro jantar?"

"Tá."

"Te amo."

Sai mais uma vez entre aquelas escadas daquela velha pensão. Cumprimentei seu Alberto,o dono da pensão que ficava o dia todo naquilo que ele insistia chamar de recepção.

"Bom dia."

"Bom dia,Tereza"

A melodia de "In the Mood" tocava em minha mento quando simplesmente senti minha bolsa cair no chão junto com meu corpo.

"Tereza?Você está me ouvindo?Tereza me responde."gritava Vicente enquanto me levava nos braços de volta para o quarto.

Eu abri os olhos lentamente e senti todo aquele quarto rodar,rodar e rodar.

"O que aconteceu?"eu disse tentando levantar da cama.

"Acho que você desmaiou,seu Alberto veio correndo me avisar que você tinha caído lá no chão da
recepção,ele disse que você tinha morrido."

"Ah,que velho dramático,eu estou bem."

"Não,você não está,você está pálida demais."

"Eu estou bem,já disse." Tentei levantar,mas a tontura não deixou.

"Tereza,você está sangrando".

Olhei entre minhas pernas e uma poça de sangue quente saia entre elas.
"Mas, o que..."

"Vamos para o hospital agora."

Vicente me colocou no carro,pegou o resto do seu pagamento,acendeu um cigarro e sai com o carro para o hospital.

Esperamos algumas horas até que os médicos chegassem para dar alguma notícia.

"Eu sinto muito"disse o médico em voz baixa pra Vicente no canto do quarto.

"Você sente muito o que?" berrei para que me respondessem rápido.

Vicente se ajoelhou na minha frente,com os olhos cheios de lágrimas,passou a mão entre os meus joelhos,entre os fios do meu cabelo,olhou nos meus olhos e não disse nenhuma palavra.

"Me diz alguma coisa,por favor.Eu não sei o que esse silencio que dizer."

"Senhora Tereza..."

"Fala logo."disse aos berros para que me dessem alguma notícia.

"A senhora estava grávida,eu sinto muito."

"Eu o quê? Grávida? Eu? Como? Sente muito?"

Vicente me abraçou de um jeito que eu nunca tinha sentido em 7 anos convivendo com ele.

"Eu sinto muito,meu amor."

"Mas,..."

"O médico disse que você perdeu um bebê de dois meses."

Pela primeira vez na vida,eu senti uma dor no meu peito,uma dor maior que todas as dores do mundo,e pela primeira vez eu chorei por alguém que não conheci.Eu simplesmente chorei e chorei.Não só pelo dor de ter perdido um bebê,mas pela dor de querer ter um filho em minhas mãos naquele momento,sorrindo pra mim,me acordando nas noites por causa das cólicas.Eu só queria que ele ou ela estivesse ali comigo,e que o aborto espontâneo,como disse o médico, não tivesse acontecido.Vicente me pegou pelas mãos e me levou até o carro.Nós dois ficamos ali,em silêncio total.

"Eu sinto muito"disse Vicente segurando minha mão.

"Eu sei."

"Vai ficar tudo bem,eu prometo."

Deitei no seu ombro,e ali fiquei.Vicente dirigiu durante uns 45 minutos até entramos numa rua estreita,perto da rodoviária.Eu estava apoiada na janela com o cigarro de Vicente na mão esquerda olhando as árvores passarem lentamente.A fumaça parecia fazer todo o sentido do mundo naquele momento. Rua 15,dizia a placa azul no canto da parede do muro de uma casa amarela.

"Tá vendo aquela casa com as rosas no jardim?"disse Vicente parando o carro na frente da casa.

Era uma casa simples,tinha um jardim com algumas rosas e uma varanda meio suja.Respondi "Sim" com a cabeça.

"Tá vendo essa chave?"

Respondi outra vez apenas com o movimento de minha cabeça,falar algo naquele momento parecia a coisa mais difícil em minha vida.

"Essa casa,Tereza,é a nossa casa,essa chave eu peguei ontem com o antigo dono.Ele aceitou minha oferta há alguns meses,e me entregou a chave da casa ontem."

Meus olhos se encheram de lágrimas,a dor no peito pareceu aumentar,mas a felicidade pareceu existir naquele momento e os olhos azuis de Vicente,eram as únicas verdades que faziam sentindo naquele momentos e apenas meus soluços ecoaram dentro do carro.

"Vai ficar tudo bem,minha querida."

"Promete?"

"Prometo."