domingo, 3 de novembro de 2013

III.

Seus gritos de dor eram ouvidos em todas as dimensões, e todo me condenavam por não conseguir ajuda-la
Mas, eu não sabia mais o caminho de voltar, as suas dores se tornaram as minhas, a sua vida se impregnou na minha, não havia mas caminho de volta.
As dimensões eram guiadas entre medo, coragem e dor.
E apenas o seu rosto, era o que me guiava diante a minha vida.
Os seus segredos e mentiras foram descobertos, mas eu ainda continuava ali. Ninguém mais estava ali. Apenas eu. Apenas o meu medo, a minha dor e a minha esperança.
Os dias dançavam na nossa cara, esfregando a infelicidade de viver diante da hipocrisia humana.
Ninguém mais estava ali, só nós duas, só a nossa vontade de conseguir vencer.
Mas, você começou a se perder no meio de tanta luta e minhas batalhas começara a ficar mais pesadas, e eu não conseguia te dar as mesmas forças que eu te passava no começo. Tudo começou a ficar mais pesado, mais pequeno. O meu medo ia aumentando, e a sua vontade diminuindo.
Eu conseguia enxergar o seu verdadeiro reflexo dentro do espelho antigo, mas você ainda estava perdida, lutando conta si mesmo, e lutando contra os meus medos.
A sua dor e os seus medos, me acordavam de madrugada, me fazendo te livrar daquele pesado real.
Mas, talvez eu fosse o seu medo o seu pesadelo, a sua pior dor, a sua pior fraqueza.
Eu sei, eu sou responsável por toda a desgraça desse maldito labirinto que você acabou se perdendo.
(...)

sábado, 2 de novembro de 2013

G.

Eu conheci um cara.
Ah, ele tinha óculos escuros no rosto, uma camisa xadrez e um all star vermelho meio sujo.
Ele mascava um chiclete, que tempos depois, descobri que era para esconder o cheiro do cigarro.
Ele estava nervoso, mas estava fingindo não estar. Mas, eu vi que suas mãos estavam suadas, quando de surpresa, resolvi toca-las no meio do shopping vazio, por ser época de natal.
Ele era tão misterioso, um labirinto que eu sabia que iria me perder ai pra sempre. Mas, não desses misteriosos clichês de hoje em dia, porque ele me contou sobre sua vida inteira, mas eu sabia que não estava tudo ali. E eu sabia, que aquele cara não sairia tão rápido de perto, ele não queria sair dali e eu não deixava ele sair.
Ah, esse cara, mesmo falando as maiores besteiras do mundo, falando de sexo, drogas e rock 'n roll com a maior naturalidade do mundo, me conquistou de um jeito que só ele soube fazer.
Não foi só pelo seu beijo ter se encaixado perfeitamente com os movimentos dos meus lábios desde que as luzes do cinema apagaram, mas foi por ele ter segurado na minha mão. Sim, foi por esse motivo. Mesmo ele não acreditando nisso, porque desde de quando esse cara segurou na minha mão, ele nunca mais soltou. O mundo nos separou, nos afastou, mas sua mão ainda junta a minha. Me apoiando e me assegurando de que tudo ficaria bem, mesmo quando nem ele acreditava.
Eu conheci um homem,
na verdade eu cresci junto com esse homem. Eu me descobri mulher e ele amadureceu completamente para me ajudar a me sentir mulher. Ele seguiu seus sonhos, deixou o cabelo crescer e decidiu trabalhar. Me apresentou o mundo e me deixou entrar em seu mundo. Descobri segredos, defeitos e mentiras. Mas, ele ainda segurava a minha mão, só que de um modo diferente, era mais intenso. Era intenso, porque finalmente, o "Pra sempre", fazia sentindo na minha vida e na vida desse cara, desse homem. Fazia sentido, toda a nossa história, todas as nossas chances, todos os nossos erros e fazia sentido todo o nosso amor.

domingo, 29 de setembro de 2013

E você tinha me ajudado tanto,
mas no final, fui eu que esfaqueei suas costas,
e deixei você sofrendo,
e eu ria de seu sangue escorrego pelo chão.
Você me pediu tanta ajuda,
mas eu não podia mais ajudar.
Era maior que meus medos,
eu não podia.
Não espero seu perdão,
não espero e nem esperarei nada em troca.
A faca ainda está com seu sangue,
jogada atrás da comoda.
Mas você tinha me ajudado,
eu simplesmente, preferi estragar tudo.
Para parecer mais fácil hoje.
Seu nome já não me importa mais,
mais ainda doí.
Ah, como dói.
Dói, saber que te deixei ali sem nenhuma força
para tentar de novo.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

-Nossa como você engordou nos últimos tempos. Toma cuidado viu, você já viu se não está grávida? A gente nem percebe essas coisas, mas quando vê, está com uma criança no colo. Toma cuidado viu.

E o silêncio tomou conta da mesa de jantar naquela noite, a tia que morava no interior tinha chegado naquela tarde e passaria o resto do final da semana no quarto dos fundos.

"Sim, eu engordei mesmo. Estou namorando há algum tempo, e realmente, comecei a comer mais. Eu gosto de comer, e daí? Gosto de encher o prato e comer como se fosse minha última refeição. E não, não estou grávida, não é porquê a senhora ficou grávida jovem que eu também vou ficar. Eu me cuido e não sou nenhuma vadia que fico abrindo as pernas por ai, como você ficava quando tinha minha idade. Eu já estou na porra da faculdade, consegui um maravilhoso estágio e não estou grávida. Agora só porque engordei alguns quilos, a senhora vem querendo falar merda. Na boa, né?"

"Mas isso é jeito de falar com sua tia, menina?"

"Ah, e se eu não falar quem vai falar? A senhora mesmo fica falando mal dela quando ela vai embora. Que ela não ajudou nem a lavar a louça, que não perguntou se estava faltando alguma coisa..."

"Eu não tive filho jovem porque eu quis. A sua mãe bem sabe o quanto foi difícil aquele momento em minha vida."

"É claro que foi. A senhora teve um filho com 14 anos de idade, uma filha com 16, um outro filho com 19 e por fim, um outro filho com 22 anos. É claro que foi difícil, só de pensar em ter um filho nessa idade, já me dá um pânico tremendo. E depois vem falando de mim, só porque engordei alguns quilos."

"Nossa, nunca imaginei que alguém como você jogaria na cara os meus filhos".

"Não liga não, irmã. Sabe como são os jovens de hoje em dia."

"Hoje em dia? Ah, na boa. Vê se tem alguma amiga minha grávida na minha idade. Não, não tem. E ainda colocam a culpa na gente."

"Olha aqui, não vou admitir ninguém falando assim de mim não"

"Ah, agora eu sou a errada da história. É isso mesmo? Você vem na nossa casa sem avisar, não ajuda em nada e ainda vem querendo dar lição de moral? Me fala, onde estão seus filhinhos nesse momento? Viu, nem você sabe onde estão."

"Cala boca, menina."

"Filha, acho melhor você ir para o seu quarto"

"Ah, com o maior prazer. Vou ser alguém na vida, e tentar ajudar os outros sem atrapalhar ninguém. Diferente de algumas pessoas, que vem na casa dos outros falar merda."


-Hey,Ana. Levanta essa cabeça da mesa, ficar no mundo da lua não trás dinheiro pra dentro de casa. Que coisa feia,menina. Nem me respeita com sua única tia. Olha Sônia, eu não sei onde esses jovens de hoje vão parar, viu? Não respeitam mais ninguém. Vai Ana, senta direito e me passa o panela com o arroz.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Daniela

E aquele nome não saia mais de meus pensamentos.
Como um eco ensurdecedor.
Você gritava aquele nome todas ás vezes, e me parecia certo esperar.
Eu espero.
Eu quero esperar.
Pela primeira vez, eu espero.
Aquele nome, não será apenas mais um nome,
será a nossa marca no mundo.
Será o fruto de um amor.
E quando aquelas lágrimas caíram,
foi que finalmente eu sabia que teria você comigo,
hoje, ontem, amanhã e pra sempre.
"Pra sempre", não era mais apenas nos contos de fada
ou nos filmes de comédia romântica.
Eu vou esperar pelo nosso momento,
esperar para dizer aquele nome em voz alta
quando estiver brava, ou dize-lo quando
quiser mais um carinho perto de mim.
Nós, pra sempre, há alguns anos essas palavras
 não faria parte da nossa vida, nem dos nosso vocabulários.
Mas, agora eu acredito, e eu quero.
Eu quero poder olhar para trás,
junto com você,
na nossa varando com o jardim cheio de flores,
e te dizer:
"Obrigada, por ter me esperado sempre".

domingo, 11 de agosto de 2013

Um futuro próximo.

- Fica mais um pouco.
- Eu não posso, tenho que estudar.
- Depois você estuda, vem cá.
- Que droga, você sabe que eu tenho que estudar.
- Ah, mas só mais um pouquinho, meia horinha só.
- Não posso.
- Então eu vou dormir.
- Ah, não precisa também, né.
- Você está me renegando, não me ama mais.
- Ai meu Deus, seu dramático.
- Não é drama, é realidade.
- Eu não vou ceder, estou nas últimas provas. E você sabe que as provas das pós nunca são fáceis. 
- É, talvez sejam.
- Você já tirou aquela roupa do cesta, para a Nilda lavar amanhã ?
- Não, ela só vem amanhã. Amanhã eu tiro.
- Mas, que droga, tem que tirar hoje, separar e desdobrar.
- Pra que? Ela é paga pra isso.
- Mas podemos colaborar né.
- Tá, eu desdobro.

- Nilda é um nome estranho, né.
- Deixa a moça em paz.
- Eu estou deixando, só acho estranho. Nilda.
- Eu estou tentando estudar, esqueceu?
- Você comprou as coisas para o almoço de amanhã?
- Drogaaa, sabia que tinha esquecido de algo, por que não me lembrou?
- Eu lembrei.
- Não, não lembrou.
- Lembrei sim.
- E agora?
- Vai lá comprar.
- Mas tenho que estudar.
- Sua mãe não vai gostar nada de chegar aqui e não ter nada pra comer.
- Ah, amanhã acordo cedo e compro.
- Você que sabe.
- Eu sei. 

- Você comprou roupa nova?
-Comprei, não te mostrei?
- Não.
- Ah, desculpa.
- Você sempre mostra o que comprou, por que não mostrou?
- Ah, foi porque comprei essa blusa quando deixei cair molho de tomate, naquela roxa que você me deu.
- Tonta.
- Acontece, poxa.
-Pronto, ta tudo separado.
- Tá, vem pra cama agora.
-Não tava estudando?
- Já terminei, era só uns resumos.
- E já fez?
- Já.
- Rápido desse jeito? Deixa eu ver isso dai.
- Não.
- Deixa eu ver. Sobre o que é?
- Uns lances de direitos humanos internacionais, você não vai querer ler.
- Eu quero.
- Tá, depois fala o que achou.

- Ah, ta bom, mas posso arrumar umas concordâncias?
- Pode. Sempre tive dificuldade nessas coisas.
- Eu sei, por isso você me tem aqui todo seu para corrigir esses detalhes. Sou um lindo, inteligente e F-O-D-A.
- E humilde.
- Que horas você vai amanhã?
- Depois que eu for no supermercado, lá pelas nove horas.
- Tá, quando você estiver no supermercado eu corrijo. 
- Ta bom.

- Vai passar um filme agora. Vamos ver?
- Eu tô com sono.
- Ah, mas é bom o filme.
- Mas, eu tenho que acordar cedo amanhã.
- Ah, assiste comigo vai.
- Tá. Depois não reclama se eu dormir no meio.
- Eu vou te acordar, te derrubar da cama se estiver dormindo.
- Nãaaao.
- Vou siim. Agora trás essa bunda maravilhosa para deitar comigo e ver filme.

- Amor? Amor? Tá dormindo? Droga!
- Hum.
- Você dormiu na melhor parte.
- Uhum.
- A-C-O-R-D-A!
- Seu viado, me deixa dormir.
- Não, não vira de lado.
- Não me descobre. porra.
- Foi sem querer, desculpa.
- Hum.
- Tá, deita pelo menos no meu ombro pra dormir.
- Uhum.
- Você perdeu um puta filme.
- Depois eu assisto. Agora para de falar e me deixa dormir.
- N-Ã-O!
- Sério?
- To brincando, vem cá.
- To com frio.
- Também , deixou toda a bunda de fora.
- Você que é puxou a coberta.
- Tá quentinha agora?
- Uhum.
- Então dorme.
- Tô tentando.
- Te amo, sua chata.
- Tá. eu também te amo.
- Colocou o celular pra despertar ?
- Uhum.
- Tá, então boa noite.
- Boa noite.

Tentando dormir.

É, estou encarando seu sorriso enquanto você dorme. E estou tentando imaginar o que você está sonhando, qual a vida que você esta vivendo nessa calma de seus olhos fechados e essa boca entre aberta que da pra ver com a claridade do poste de luz da casa em frente. Os seus sofrimentos escritos nas pequenas rugas no canto dos seus olhos. Um dia desses me disseram que quando se chora muito durante a vida, se formam rugas e os olhos caem. Realmente, é como se fosse um código de sofrimento. Mas também disseram que sorrir da rugas em volta da boca, aquela coisa chamada "bigode de gato". E me pergunto e se a pessoa chorar de tanto rir, como se difere essas rugas? Eu sei, que pelo menos, terei muitas rugas em volta da boca. Enfim, estou dando risada do jeito que você dorme, não que seja engraçado, mas é bonito. A serenidade que a pessoa passa enquanto dorme e o jeito engraçado que a boca abre e fecha. E os seus espasmos. Seus espasmos me assusta, ainda mais quando ainda não dormi e ainda estou naqueles pensamentos antes de dormir. Cara, como é doido esses pensamentos, passamos entre o passado, entre o futuro e o presente apenas com os olhos fechados. Ah, os espasmos. Eu te tenho medo de espasmos, ás vezes, imagino que é  algum demônio, algum espirito. Eu já disse, na noite os pensamentos ficam loucos. Estou encolhida na cama, esperando seus espasmos passar para poder tentar dormir de novo, mas a luz do poste da casa da frente não deixa. Será que se eu jogar algum objeto pesado eu queimo a luz? O que eu estava pensando mesmo? Droga não lembro, acho que é o sono chegando. Droga, tenho só duas horas pra dormir. Droga, você se mexeu, trocou de lado. Tinha que ser logo agora, eu estava quase dormindo. Droga! Droga! Droga! Estou com vontade de fazer xixi, mas está frio e eu estou com sono. Mas se eu não for, não vou conseguir dormir e se eu for vão faltar só uma hora para eu levantar. Droga! Droga! Despertador maldito. Como a hora pode passar tão rápido. Onde será que puis a roupa pra trabalhar hoje? Será que vou receber aquele caso hoje? Droga! Xixi. E como você pode estar tão confortável nessa cama. Você esta quentinho né? Dormiu bem, sonhou. Tá bom, já estou levantando, maldito despertador. Maldito vizinhos que acordam felizes e esses cachorros, pra que latir tão cedo. Droga!

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Meu escritor.

Nathália Ferreira,
Aniversários não são especiais, pra mim costumam ser datas tristes, cheias de lembranças, pensamentos profundos e uma lembrança da incessante contagem regressiva ao dia da inevitável morte. Mas, com as pessoas que eu amo profundamente isso é diferente; eu escrevo. Escrevo porque talvez seja a coisa mais honesta que eu tenha à oferecer - tudo o que eu tenho são palavras e delas é feita a parte que me cabe deste latifúndio.

Isso que se segue, eu guardo há quase 3 anos.

Te conheci uma garota tímida, com uma franja na testa, uma camiseta branca e uma camisa xadrez azul. No auge dos seus 16 anos, a única coisa que não mudou foi o seu olhar quando encara o meu. Eu te vi crescer enquanto eu mesmo crescia sem perceber.

Quantas horas ao telefone, quantos filmes, quantas conversas sobre livros, quantos passeios no parque, quantos narizes quebrados e quantas brigas são necessárias para se perceber quando alguém se torna parte necessária do seu ser? Você superou todos eles e hoje é a parte mais necessária do meu ser. Além de necessária, insubstituível.

Hoje, ao completar 19 anos, eu sei o quanto você lutou e amadureceu para estar onde está e sei que a maioria dessas coisas nós superamos juntos. E se antes eu tinha duas mulheres à que eu podia chamar de "mulheres da minha vida", desde aquele dia que encontrei a garota vestida igual à mim, eu sei que tenho três. 

Eu não quero gastar aqui as palavras já que estão todas na sua carta de aniversário que neste domingo você dormiu ao lado e nem sabia. Está guardada para amanhã.
Parabéns, meu amor.
 Gustavo Sasso
http://sanidez.wordpress.com/

domingo, 28 de julho de 2013

Tchau, 18.

Um ano. Exatamente um ano se passou.
Não estava nem um pouco fez em completar 18 anos. É serio, não era igual as outras pessoas que eram loucas para completar os dezoito. Na verdade, eu gostava dos 15 anos, apesar de não ter comemorado aquela data. Minha mãe ficou doente, minha escola fechou por causa da gripe H1N1, chovia muito. Então, praticamente ninguém lembrou da tal data, mas não importava, eu estava feliz e isso bastava. Enfim, eu era feliz com meu 15 anos. Mas como nada é perfeito, os anos passam. E então chegou os 18 anos. Festas, parabéns, presente, roupa nova e todo esses caraio. Beleza, tinha que levantar a cabeça, colocar os pés no chão e aceitar que finalmente tinha entrado na maior idade. Estava estudando para entrar no vestibular. O bom do cursinho, foi que além de aprender um pouco mais, conheci os meus melhores amigos que me fizeram também reencontrar antigos amigos. Mudei de cidade novamente, depois de 10 casas, finalmente tinha voltado para a primeira casa que mudei. A antiga casa, cheia de problemas, cheia de lembranças e cheia de futuro. Voltei a falar com meu pai depois de quatro anos, é pois é, quatro anos. Deixei um pouco o orgulho de mulher e deixei o sentimento de filha falar mais alto. Me reaproximei da minha mãe mais que nunca, pois, tive que ser forte no momento em que ela mais precisou e ainda bem que consegui, pois sei que serei forte na vida. Ajudei meus avós, e percebi que a sabedoria deles sempre me ajudaram em tudo. Me encante com o sorriso e a inocência do meu primo. E finalmente com 18 anos, deu uma chance para amar de novo. Dei uma chance que jamais me arrependerei, e se for para dar errado que seja com ele, mas se for pra dar certo eu continuarei lutando e tentarei fazer dar certo aquele tal de "felizes pra sempre", mesmo que nem sempre seja um mar de rosas. Mas eu continuarei tentando. Aliás, essa coisa de tentar é comigo mesmo. Pois, tentei duas vezes passar na faculdade, e finalmente na segunda tentativa eu consegui. Um sonho da minha lista riscado. Eu, com 18 anos, na faculdade, estudando direito. Tem coisa mais perfeita? Alcançar um sonho, é uma das melhores sensações do mundo. E melhor ainda é quando você tem as pessoas certas do lado. Então, meu dezoito anos, me desculpe pelo preconceito que eu tive com você. Mas você foi do caralho! Muito obrigada pela essa experiência. Agora, eu me despeço de você, com todas as dúvidas de como será minha vida daqui pra frente, por eu sei que agora a porra ficou séria. Mas, eu aprendi a levantar a cabeça, secar as lágrimas, lavar o joelho ralado pela queda no chão e seguir com o coração tranquilo, com a fé em Deus, com a confiança em mim e como sempre, com a alegria que uma garota de 15 anos carrega em seu olhar e em seu coração. Então, Tchau 18. Nós vemos algum dia por ai.
Obrigada pelas chances que você me proporcionou.
E obrigada, por me tornar forte para enfrentar todos os outros anos que vem por ai.
Sentirei saudades.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Tereza 1952 - parte 2

Foi quando encontrou as cartas amassadas, guardadas em uma caixa atrás do guarda-roupa. Todas elas com marcas de lágrimas e com juras de amor. Hoje, seu coração não sentia vontade de expor nenhum sentimento, sua mente focada em sua carreira e a insônia descrevia a dor que lembrava aquele maldito olhar.
Já havia passado 10 anos, desde que Tereza deixou Vicente. Muitos não entenderam o porquê daquele termino, mas Tereza não encontrava mais o encanto e as surpresas do dia a dia nos olhares dele, nem a sensação que sentia quando o tinha em seus braços. Parecia mais uma obrigação do que o próprio sentimento.
Vicente, já não dava explicações quando chegava tarde, bêbado. Não a procura de manhã como antes. Apenas seguia a rotina, como um robô e superficial.
Tereza sentia os perfumes adocicados de outras mulheres nas roupas deixadas no canto do banheiro, logo após o banho de Vicente.
Ela criada apenas para servir o marido, enquanto seus sonhos iam além daquela cozinha de azulejos azuis. “Eu nem gosto de azul” - pensava enquanto colocava a comida na mesa de jantar. Eles nem eram casados, apenas moravam juntos. Sua família a abandonará pelo fato dela não ter entrado de véu e grinalda na igreja de São Cristóvão, onde toda sua família havia casado. “Mas eu nunca quis casar, eu não vou”- resmungava enquanto abria uma antiga garrafa de vinho tinto.
Vicente não apareceu naquela noite, nem para o jantar, nem para o clássico jogo de futebol.
Tereza abriu todas as portas de seu guarda-roupa, jogou todos seus pertences dentro de uma mala velha e saiu pela porta da rua. “Nós não temos filhos, eu não preciso suportar tudo isso. Preciso seguir meu sonho, preciso fugir dessa maldita casa, dessa maldita vila onde eu tenho que fingir que sou uma daquelas famílias americanas daqueles comerciais de margarina. Como eu O-D-E-I-O essa vida, como eu odeio essa cara por quem me apaixonei loucamente, como eu odeio ser tão burraa.”. Com as malas na mão, o vento gelado da madrugada em seu rosto e as lágrimas quentes descia sem parar. Aquelas promessas, de felicidade eterna, que Vicente tanto a prometeu. Ela que largou tudo por acreditar no que realmente sentia aquele amor que os dois juravam e viviam tudo indo embora. “Mas ele parecia tão verdadeiro e sincero”-pensava, enquanto limpava as lágrimas e esperava na fila para comprar uma passagem para a cidade de sua avó.

Embarcou no ônibus, ás 03h55min da madrugada. Sentou do lado de um rapaz, que a encarava toda vez que sentia as lágrimas pelo seu rosto. O ônibus velho, com cadeiras rasgadas, vidros emperrados trazia um ar de aventura para Tereza, que com apenas 23 anos já estava cansada daquela vida de “casada”, estava cansada daquele “marido” que apenas a cumprimentava com um beijo no rosto e ficava encarando o jornal enquanto fazia as refeições.
Quando Tereza abriu os olhos, já havia amanhecido. Mas muitos ainda dormiam no ônibus, inclusive o jovem rapaz do seu lado. Tereza encarou o jovem por alguns minutos, enquanto ele dormia profundamente de um jeito engraçado, e com um pequeno rouco que saia da sua boca rachada e aberta. De um jeito estranho, ele lembrava Vicente, a gana em sua pela jovem e brilhante, o cabelo castanho claro bagunçado, os olhos azuis vibrantes, que Tereza encarou por alguns segundos enquanto subia para o ônibus e coloca sua mala em cima de sua cadeira, em um compartimento pequeno e úmido. Sentiu-se culpada pela sua atitude, sentiu-se completamente triste por ter fugido daquele jeito sem ao menos tentar mais uma vez, sem ao menos dar uma chance para Vicente explicar o que estava acontecendo. E o remorso crescia em seu peito de um jeito, que parecia que ele iria sair pela sua boca e rasgar todos aqueles 6 anos de história de amor que viveu com seu namorado de olhos azuis. E aquele rapaz dormindo a seu lado, no velho ônibus Cometa, fez com que Tereza parasse no terminal da cidade em que o motorista acabava de parar, retomar as energias para continuar a viagem que duraria mais 4 horas.
Tereza saiu correndo para a bilheteria do terminal, com as malas na mão, com o cabelo bagunçado e seus olhos inchados. Pegou a passagem, do próximo ônibus para voltar para sua cidade, para voltar para sua casa, para voltar para Vicente. A paixão de reencontra-lo, de dar mais uma chance para viver um grande amor, aumentavam cada vez mais em Tereza, ainda mais quando viu a rodoviária de sua cidade se aproximar.
Eram 13h30min quando desceu do ônibus. Saiu correndo para a velha Rua 15 de novembro, o coração acelerado, as maças de seu rosto vermelhas, não estava acostumada a correr tanto e suas malas vermelhas começaram a pesar em suas delicadas mãos. Sua casa simples, com um pequeno jardim de rosas e com alguns “temperos”, a varanda com cadeiras brancas e a velha rede azul que sua vó tinha costurado para trazer sorte para ela e Vicente. Sua vida toda ali dentro esperando para ser revivida.
Abriu a porta com um sorriso no rosto e o suor em sua testa. O silencio nunca pareceu gritar tanto naquele momento, o eco de seus passos pela casa parecia ensurdecedor. A comida na mesa de jantar intocada, a comida ainda em cima do fogão, o vinho que Tereza tomou para ter coragem de sair de casa, ainda em cima da pia e Vicente deveria estar jogado em alguma cama de algum lugar da cidade.

Tereza pegou suas malas vermelhas, recuperou o fôlego e saiu pela porta da sala. Deixando tudo escancarado, exatamente como seu coração estava naquele momento. 

Tereza 2006

Tereza pegou o mesmo ônibus ás 7h da manhã , para levar o neto na escola , um menino gordinho uniformizado e com apenas 5 anos. Matheus , ia contando sobre seus sonhos daquela noite, e a avó toda desarrumada, pois , de novo, tinha esquecido de colocar o relógio para desperta, era já a quarta vez que aquilo acontecia em uma semana. Tereza estava apenas com o rosto lavado e a roupa era a mesma da noite passada "Nem parece pijama" pensou enquanto levantava assustada e correndo para o quarto do neto.
O menino continuava contando seus sonhos , e ela fingia que escutava apenas balançado a cabeça quando ele perguntava alguma coisa. Estava preocupada com aquele maldito trânsito , que estava mais parado do que a vida dela. Já estavam descendo , quando Matheus perguntava o porque que não levará lanche esses últimos dias. Tereza correndo contra o tempo , puxando o neto pelo braço , chegou na escola quando já estavam fechando o portão . O porteiro ,acostumado com aqueles atrasos , esperou o menino entrar e fechou o portão.
Ela ficou ali parada , com a respiração ofegante , com seus chinelos velhos e cabelos bagunçados, "Não pude nem dar um beijo de despedida" , pensou enquanto dava o sinal para o ônibus.
Parecia que todos á olhavam , enquanto sentava no banco preferencial. " Não sei porque ficam observando uma velha descabelada", resmungava mentalmente , encarando cada olhar.
Faltavam dois pontos para sua parada , quando Tereza apertou aquele botão laranja para descer. " Já que meu médico pediu que eu caminhar um pouco , acho que essa distância ajudará meu pobre coração", pensava enquanto descia os degraus do ônibus. Mas o motorista estava com pressa, tinha que terminar seu trabalho e estacionar no pátio ás 8:30 e já eram 8:20 da manhã . Acelerou , antes que Tereza estivesse totalmente com os pés na calçada.
Tereza caiu de joelhos e  ralou todas as partes descobertas de seu corpo "Por isso eu não faço caminhada" , pensou quando viu seu sangue no chão. Uma mão velha segurou sua cintura e a ajudou ficar de pé.
Era um senhor , talvez tivesse 77 anos , usava uma boina xadrez verde, um óculos com formato antigo ,tinha catarata aguçadas e também estava de chinelo. Mas o que o velho não pode perceber , é que aquela senhora caída aos seus pés , ainda carregava os mesmos olhares apaixonados que o encarava há 50 anos atrás. E a pobre descabelada , agora com varias partes do corpo raladas , não conseguiu reconhecer que por de trás daqueles óculos , daquela boina e daquela velha barba branca , ainda existiam aquelas pobres promessas de amor , que tanto a engaram, jurando o tal amor eterno no calor daquele tempo antigo , e que ainda era tão presente nos sonhos , nos dias , nas noites , nas insônias e naqueles copos de vinhos baratos que Tereza usava para tentar dormir.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Studio 730

1.

Então decidi responder aquele convite que antes parecia tão assuntador. Relei a mensagem no meu celular que dizia "Vem aqui, só um pouquinho, por favor".
Disquei o número, que sempre esteve decorado em minha memória,e aquela voz rouca e entusiasmada atendeu. -Você vem?
-Vou, mas acho que estou perdida.

-Como?A cidade é tão pequena e não tem como errar o caminho, vai seguindo minhas informações e já já você vai estar aqui.

 "Me mudei pra cá a pouco tempo e já estou indo atrás dele de novo, que merda! Mas ele é a única pessoa confiável que eu conheço aqui perto, já que aquele idiota me deu o pé, preciso de gente inteligente pra conversar e ele sempre me fez rir, então é só por isso que eu estou indo lá. Entendeu coração? Nada de aprontar comigo... vamos lá, e se acalme menina!E ele namora agora também, então ta tudo bem"
O coração acelerado, os carros passando rápido na avenida do lado,os quarterões passando, a casa chegando mais perto.Subiu as escadas, entrou pela porta de ferro e se deparou que dali pra frente sua vida não seria mais a mesma.

-Ae, você conseguiu, não falei que era fácil chegar aqui?

-Haha, verdade.

E ele veio de um modo tímido me abraçar,com um sorriso no rosto e um certo nevrosismo.
"Droga, ele continua bonito, e agora eu abraço também?Eu cumprimento? Droga!"

-Então, você se mudou pra cá.

-É, na semana passada.

-Então vai poder vim me visitar mais vezes ?

-Talvez.

-Vem, vou acender um cigarro.

E seguiram para a varanda.

-Nossa é legal aqui.

-Eu sei, você era pra ter vindo aqui há muito tempo atrás, não veio porque não quis.

-É, eu tinha uma imagem totalmente diferente daqui.

E os olhares envergonhados, não duravam dois minutos se encarando.
E eu, nunca falei tão rápido em toda minha vida, disse sobre o outro cara, sobre o curso que estava fazendo e o quando estava odiando ter mudado de cidade.
E ele encarava cada palavra que eu dizia, como se fosse a coisa mais importante de sua vida. Ele sempre prestava atenção no que eu dizia, mas dessa vez era diferente, nós estávamos diferentes e felizes de estarmos ali.

-E quem diria, você namorando sério.

-Pois é.

-Você a ama?

(Silêncio)

O celular dele tocou em cima do balcão e quebrou todo o gelo que estava  naquela varanda cheia de bitucas de cigarro.
"Acho que seria estranho eu limpar essa sujeira toda"
Ele correu pra atender.
"Ah, você vem que horas? Só tenho uma hora de almoço, então não demorava ,porra. Te encontro daqui a pouco então"

Desligou o celular, e me chamou pra sentar naquele sofá super vermelho, que por algum motivo me lembrou uma reportagem que eu vi no Linha Direta quando era pequena que falava sobre a Casa da Luz Vermelha,e eu  ri sozinha nos meus desvaneio .

Sentei e fiquei observando ele mexer em um computador que ficava dentro desse balcão, e ele riu sozinho e seguiu pra sentar ao meu lado.Na verdade ele não sentou, praticamente se jogou em cima daquele sofá da Casa da Luz Vermelha. E eu fiquei imóvel, não sabia como lidar com aquela situação, pois a última vez que o tinha encontrado, não queria nem ao menos encarar aqueles malditos olhos castanhos, então virei as costas e fui embora.Mas dessa vez era diferente, senti a respiração dele em cima de mim, senti que de alguma forma ele estava mais nervoso e ansioso que eu.

-E sua namorada, como conheceu?

-Ah, então, uma amiga nos apresentou e tal.

-Entendi.

-Mas não estamos muito bem, sabe.

-Ah, sério? Por que?

-Ela não é você.

E meu coração nunca bateu tão rápido, senti meu rosto ficando vermelho e não consegui dizer nenhuma palavra.

-Vem, vamos almoçar.

-Ah, não dá, eu tenho que ir embora.

-Da sim, é uma horinha, vai ser rápido e quero que você conheça alguém.

-Tá bom.

Levantamos , e seguimos para a estação de ônibus que ficava há uns vinte minutos de distancia daquela casa amarela.


2.


-Então, vou te apresentar a uma amiga, que conhece nossa história .

-Você conta sobre a gente ?

-É claro, é uma história boa de ser lembrada.

-Depende, tirando as coisas ruins, ela é boa mesmo.

-Não, se não tivesse a parte ruim não teria graça nenhuma.

E nos olhamos mais uma vez, de uma jeito meio envergonhado,meio constrangidos mais felizes por aquele momento.

-Vamos logo, tenho só uma hora de almoço e você vai querer ficar passeando no shopping como sempre.

-Ah, eu não tenho culpa se você trabalha.

Disse ele, a uma menina que estava encostada na parede, esperando há uns minutos.

-Olha, você, até que fim te conheci.
A menina me disse cumprimentando com um abraço apertado, ela era mais baixa que eu , então tive que me encurvar um pouco para acompanha-la naquele abraço.
Eu não disse nada, apenas os acompanhei naqueles passos rápidos e descontraídos

Almoçamos alguns hambúrgueres, caminhamos pelo shopping, olhamos algumas vitrines.

-Nossa, eu tenho que ir embora, já passou uma hora e meia, vamos agora.

E fomos em direção a casa amarela. Mas não os acompanhei nessa agora, precisa ir para o curso que odiava, encarar aquelas pessoas que me ignoravam ou que só falavam comigo por algum interesse.

-Eu vou ter que ir.

-Já? -disse a menina

-Pois é.

-Então ta bom. Depois nós falamos.

Me despedi de todos com um simples beijo no rosto, atravessei a rua e segui em direção a calçada movimentada.
"Caramba, eu consegui encontrar com ele tranquilamente, e ainda conheci uma amiga dele.Bom, isso é diferente, mas acho que poderemos ser amigos, tentar desse jeito, talvez só desse jeito de certo.

3.


Uma semana se passou, desde aquele reencontro do passado. Mas, continuamos conversando. Conversamos sobre tudo, até dei conselho sobre a atual namorada, sobre o trabalho e sobre seu futuro, sempre tive essa intimidade com ele, de contar tudo, critica-lo e mesmo assim continuas formalmente sobre tudo, exatamente tudo.
Resolvemos assistir um filme, ele na casa dele e eu na minha, mas com conversas de sms durantes algumas cenas.
O filme era "O fabuloso destino de Amélie Poulain", assistimos até o fim , uma certa emoção invadiu meu coração, e então ele me disse que iria seguir o que o vizinho e pintor disse para Amélia, que era exatamente o seguinte : "Então, minha querida Amélie, você não tem ossos de vidro. Pode suportar os baques da vida. Se deixar passar essa chance, então, com o tempo, seu coração ficará tão seco e quebradiço quanto meu esqueleto. então, vá em frente, pelo amor de Deus."

Alguns dias se passaram , e não nós falamos durante esse tempo.
Um dia, voltando pra casa, depois do curso maldito, descendo a rua da minha casa, recebo algumas mensagens. Ao le-las ,fiquei parada não conseguia me movimentar, os carros buzinando para eu sair do meio rua, mas nem se quer me movimentar para ir para casa , eu conseguia.

"Eu preciso falar com você. Urgente".
"Eu fiz uma coisa, e foi por VOCÊ"
"Por favor, fica comigo dessa vez"
"Me liga!"

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Um pouco de indelicadeza

-Mas que porra,você precisa ser tão grosso quando brigamos,precisa ficar dando exemplos que eu não quero saber .Eu não quero saber se você comeu aquele mina e que tirou fotos durante o sexo, foda-se vocês, eu só não suporto essa implicância sua de me magoar desse jeito.
Saiu batendo a porta do quarto, enquanto sentia o frio do piso subindo pelo seus pés descalços.

-Eu dou esses exemplos por que você me provoca.Você mentiu pra mim,caralho.
 Disse ele abrindo a escancarando a porta, com o corpo suado e com a samba canção vermelha.

-Eu não menti pra você, eu NUNCA menti pra você.

-Então por que você disse que tinha transado com aquele maldito aquele dia?

-Foi pra te provocar você não percebe, porra. Enquanto você estava lá me contando sobre suas noites de putaria com aquelas vadias, eu precisava de uma desculpa para não ir embora de novo.

-Ah, então você quis ir embora de novo?Você pede a verdade, e quando eu conto, você fica brava. Assim não dá.

-Não,eu não queria ir embora, mas você sempre conta os detalhes demais, você até contou as posições que fizeram , e não sei por qual motivo, isso doí. E não era pra doer, eu nem estava com você.Mas,mas,mas...
Ele acendeu um cigarro no meio da sala , e ela se perdia em seus pensamentos, já que certos detalhes não saiam de sua cabeça.

-Mas sabe, por um lado isso é bom

-O que? . Disse ela encarando ele fixamente nos olhos,enquanto os dela estavam cheio de lágrimas que não caiam.

-Você está chorando?

-Não,claro que não.

-Claro que está, você é chorona pra tudo,vem cá.

-Não, porra, eu odeio você, e odeio o jeito que fala quando está bravo, que merda você iá dizer?

-Idiota

-Eu vou embora.
Ela disse entrando no quarto e procurando suas roupas jogadas no chão.

-Para de ser chata,estamos conversando. Você mentiu e eu fui exagerado te contando os detalhes, agora temos que terminar com tudo isso, me escuta! Por um lado foi bom saber que você não fez nada com aquele babaca...

-Eu não sou desse tipo de menina que vai indo pro quarto com qualquer um.

-Eu estou falando , ME ESCUTA

-NÃO GRITA COMIGO

-Eu sei que você não é qualquer uma, por isso fui tirar satisfações aquele dia com ele,por que você não é qualquer uma

-Hm

-Ta brava ainda?Você mentiu e você fica brava?

-Sim, eu pelo menos não fiz nada , você que me contou aquelas histórias malditas com aquelas meninas

-Mas você me perguntou,porra.

-Mas eu não queria saber tudo,saber os detalhes

-Ta bom,ta bom,ta bom

-Enfim, me desculpa por ter falado que eu dormi com ele, sendo que eu não tinha dormido

-Tá vendo, você que mentiu e você que fica brava comigo , não te entendo.

-Eu já pedi desculpas

-Tá bom

-Tá bravo?

-Um pouco,mas daqui a pouco passa

-Por que você sempre me trata desse jeito quando fica bravo?

-É meu jeito, acostume-se

-Hm,é dificil


-Eu sei, eu estou tentando melhorar, mas eu só quero ser sincero com você e ser verdadeiro entende?

-Eu sei disso

-Então...

-Então o quê?

-Por que mentiu pra mim?

-Eu não sei, ciumes talvez , mas já pedi desculpa

-Ta bom

-Idiota

-Tonta

-Me desculpa?

-Desculpo

-E eu também te desculpo por ser grosso,ignorante,chato e insuportável comigo

-Ah, mas no fundo você sabe que eu te amo, né?

-Sei, e eu também te amo

-Sua bicha

-Culpa sua

-Vem cá...

Uma espera boa...

10.

Os outros casais saindo pra jantar ou marcando aquele filminho básico no fim da tarde só para ter a companhia desejada do lado.As festas em família, a apresentação do rotulo "namorada" e "namorado" agradando os avós ,os tios e aquela tia que vive longe e sempre perguntava o por quê está solteira, todos sorrindo para a foto que está sendo tirada na mesa do almoço de domingo.A viajem de ano novo para a praia lotada e o novo casal juntos aproveitando cada momento.
Engraçado, nunca tive esses clichês, que todos esperam quando começam a namorar, e talvez seja esse um dos motivos de eu não querer desgrudar dele cada minuto.
Vivemos um tipo de "guerra", um tipo Romeu e Julieta, aquela coisa da família não aceitar, das criticas e brigas , MI MIMIS de sempre.
Mas, não vou mentir que não me cobro por não poder dar um relacionamento descente, pelo menos com aqueles almoços bobos de domingo, com discussões na mesa e com o final com todos na sala assistindo dança dos famosos.
Mas pra falar a verdade, minha família nunca foi tão grande nem tradicional para poder ter esses mimimis de família , já me acostumei na verdade.Filha de pais separados, que mora com os avós ,com a mãe e com dois cachorros salsichas.Nunca tivemos essa coisa de almoçar todos na mesa, ou do jantar pronto na hora.Sim, temos o natal, aniversário, dia das mães, dia dos pais e ano novo , com toda a formalidade que se espera de uma família,mas nada muito grande.
Agora, imagina , toda essa "tranquilidade" e não aceitarem o namoro da unica menina que existe na família , cômico, não?
Mas, ainda me sinto culpada, por não poder fornecer todo aquele clima de namoro, os filmes de tarde, a noite de sono em conchinha, a tal apresentação, exatamente tudo, exatamente, nada!.
Embora toda essa dificuldade, todos esses motivos para ir embora de vez, a necessidade de tentar dar certo se tornou maior que tudo.
Sabe, aquela coisa de cumprir com os planejamentos, de ver como será a primeira casa, os moveis, a espera do futuro .Isso tudo, pelo menos pra mim, diminui a preocupação de não ter a vida clichê de um casal , mesmo as vezes precisando um pouco desses momentos.
Mas, aquela voz rouca por causa do cigarro,quando me diz que ainda temos todo o tempo do mundo para vivermos tudo isso, me dá uma certa tranquilidade de apenas esperar pelo nosso momento .

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O medo,a desordem,a insegurança e um pouco de esperança.

E o medo,a desordem,a insegurança.Todos aqueles sentimentos voltaram quando eu encarava sua comida no prato que esfriava com o passar do tempo,a sua vontade de tentar mudar tudo e recomeçar algo que talvez nem fosse necessário.Minha vontade era de gritar,espernear,e perguntar o por quê você tinha ido embora,quando o seu papel principal era de nunca ter me abandonado.Mas eu me sentia covarde,por dar mais uma chance a toda aquela conversa fria e momentânea,e todo aquele sentimento,aquelas brigas,você se esqueceu de tudo aquilo?Ou finge tão bem quanto eu?.
Mas,a minha vontade,a minha inocência,ainda perdida,precisa de um pouco de você,então eu engolia aquela conversa,aquele papo sobre o tempo,sobre as pessoas envolta,sem entrar no tal assunto.Talvez eu ainda acreditasse em um final feliz,mas todo aquele vazio que foi aumentando com o passar do tempo,não seria preenchido tão fácil dessa vez.
Não é fácil,se questionar todas as noites,tentando imaginar o por quê da tal mudança sua,o por quê não cumpriu com seu papel,por que foi covarde e fugiu de mim.
Mas,eu ainda tendo relembrar dos momentos bons,das risadas,dos filmes,de tudo.Mas é tão difícil deixar tudo de lado e tentar criar uma nova realidade.Talvez um dia eu consiga,mas hoje,eu ainda me despeso de você com aquela vontade de jogar tudo na sua cara,mas me conforto com um beijo no rosto e um "fique bem".

quinta-feira, 13 de junho de 2013

9.

E ele se perdia nos próprios pensamentos,ele ria longamente das mentiras dos outros,inventava história,gostava do feijão em cima do arroz,preferia o sexo normal,acreditava fixamente no amor,dizia-se cavalheiro e antigo romântico,fumava de minuto á minuto,disfarçava o ciumes com antipatia,fingia não sentir dores e medos,tinha um olhar penetrador,um sorriso contagiante,uma pequena pinta marrom em cima dos lábios,uma falha no canto da barba,olheira talvez de ressaca ou de insonia,um gosto incrível para artes em geral,uma opinião forte,as vezes insuportável,uma voltinha nos fios do cabelo perto da testa,criticava os outros,não sabia para onde olhar na hora de um presente,sabia os momentos certos para dizer sobre seus sentimentos,inteligente,estupido,arrogante,amoroso,o melhor ombro para chorar,para morder e arranhar,o abraço mais apertado,com cicatrizes pelo corpo,os argumentos mais convincentes , e o melhor deles, era quando descrevia seu amor por mim.

terça-feira, 28 de maio de 2013

8.

E as lagrimas caíram pelo meu rosto , como se nada mais em volta existisse.
Seus olhos perdidos e o gosto de bebida , ainda estavam em você , e a esperança de que tudo ficaria bem secaram minhas lagrimas , como um tapa na cara.
Seu corpo encarando o meu , enquanto me descobria com a velha coberta e eu me divertindo com a  tal admiração. O som do velho filme de faroeste ao fundo , não fazia nenhum sentindo para tal momento. Os dedos entrelaçados , os olhos fixados uns no outro , e o toque e a paixão inexistente , apenas a descoberta , apenas a sensação do coração acelerado , por ser encarada por aqueles olhos castanhos com certas histórias misteriosas e tão abertas para mim. Como se o desejo da carne fosse menor diante de tanta necessidade daquela vaga certeza , aquela necessidade de encontrar no olhar do outro a tal certeza de que tudo daria certo . E nem mesmo as palavras , os clichês , responderiam por aquela sensação . E eu sabia , que seria difícil permanecer longe de tudo aquilo , de toda a incerteza , de todo o medo . Pois, não se sente tão bem uma pessoa apenas com o olhar , e quando você encontra , é difícil largar.
"E se fosse com você?"

E se todas essas dores do mundo , essa falta de compaixão , de companheirismo , essa falta de gratidão mundial , fosse jogadas todas para sua vida insignificante, o que você faria?
Com toda a certeza do mundo , você empurraria essa desgraça para de baixo do seu tapete , colocaria uma bela poltrona em cima e conectava-se ao seu Iphone compartilhando fotos da miséria na Africa.
Onde foi parar aquele espirito lutador e guerreiro da sociedade ? Aquela união vivida em tempo difícil para conquistar certa região , para defender certa ideologia , ou para tentar espalhar a paz e o amor .
Hoje , tudo virou mercado , se cobra para amar , para fazer sexo , para ter um filho , para pensar ...
Tudo ficou tão banalizado , e ninguém mais luta para uma melhora mas todos reclamam quando á uma super enchente , mas ninguém se mobiliza para limpar à cidade . Todos resolveram colocar a culpa no Estado , mas estão todos mobilizados com a partida do Neymar para o Barcelona , mas ninguém mais lembra do julgamento do mensalão ou do Marcos Feliciano , irônico não?
Sim , merecemos o que temos como Estado , a corrupção , a falsidade e tudo mais , porque hoje , ninguém mais enxerga as coisas boas em nada , só querem o negativo , vocês precisam de uma desculpa , colocar a culpa em alguém para não precisar levantar a bunda da cadeira acolchoada da sua escrivaninha com seu computados da apple .
E se fosse sua função , seu destino , mudar toda essa porcaria mundial , por onde começaria? Colocaria um post em um blog , compartilharia uma foto na rede social?
Você nem sabe mais por onde começa essa mudança , pois a sujeira e a porquice humana ficou tão grande , que parece que não tem mais jeito. Mas talvez tenha , tem que ter, não estou iniciando uma luta atoa se não acreditasse que no final daria tudo certo.
Você não precisa ir pra Africa , acabar com a fome , encontrar a cura para a AIDS. Você poderia começar com você , desperdiçar menos , não apenas na comida , mas principalmente na futilidade a sua volta, nas conversas desnecessárias, poderia ser alguém mais culto , não jogar lixo na rua , ajudar aquela senhora a subir no ônibus, essas atitudes fazem a diferença, mas não faça por obrigação , pois você só será mais um falso contribuidor para a melhora no mundo , faça por que você acredita , faça por que você poderia ser uma daquelas crianças que passam fome , ou daquele mendigo que só precisava de 0,50 centavos para completar a passagem para voltar para casa e encontrar seu filho.
Então, coloque-se um pouco no lugar dos outros , mas não algo virtual , compartilhar fotos de gente com câncer não ajudara a pessoa mudar , mas fazer uma visita ao hospital , poderá prolongar a vida de alguém , ou ir até um asilo , escutar estorias , poderá levar uma boa morte a alguém.
Não seja alguém que apenas pensa, e sim , faça. E principalmente acredite, que todas as atitudes boas poderão geram um mundo melhor , com uma fixação menor no próprio ego e voltar a criar laços antigos de união.

sábado, 25 de maio de 2013


Ela me ouviu sussurrar mil palavras curtas
As disse todas sem que nada me impedisse
Ela tremia a cada vírgula, a cada ponto final.

As mãos frias, inquietas
A língua umedecendo os lábios
O desejo de que nada daquilo fosse mentira.

Os papéis sobre a mesa; Todos amassados
Os olhos vermelhos

Agora nós éramos só um
Uma parte em comum vivia nela
e eu a amava mais a cada instante.

Me perdi nas palavras
Ela me abraçou dizendo “Está tudo bem”
e eu a amava mais a cada instante.

(Gustavo Sasso)

sábado, 4 de maio de 2013

7.

 Você tomava a dose do velho conhaque , que tinha acabado de pegar sobre aquela prateleira de vidro iluminada com uma luz amarelada. O vermelho do sofá refletia sobre seu colo branco com pequenas alergias e os seus olhos, tão cheios de mistérios, me faziam ainda sentir um certo medo de descobri-los , mas de um certo modo , eu sempre saberia o que eles queriam dizer.
Acendeu o cigarro , parado em frente a janela de madeira, e sumiu dentro de seus pensamentos encarando o jardim em frente a janela, foi como se eu soubesse o que realmente estava sentindo , foi como se as palavras estragassem aquele momento. Eu encarava o teto e observava seus pequenos sorrisos com o canto do rosto. E me perdi nas antigas lembranças , dos textos amaçados no canto do quarto ,nas brigas pelo telefone , nas minhas ligações de madrugada só para ouvir sua voz e você acordando para conversar sobre besteiras do dia-a-dia. E aquele quarto , com sofá vermelho , colchões no chão e sinceras declarações , fizeram tanto sentido , assim como, eu finalmente tive coragem de encarar os seus tais olhares.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Acho que estou bêbado de desgosto.
Já sentiu isso?
Aquela sensação de querer mandar todo mundo se fuder e sentir o corpo todo tonto,mas sem ter ingerido uma gota de álcool. Na verdade, não gosto de álcool, mas ás vezes bebo mesmo assim.Uma droga isso , ficar experimentando coisas,mesmo não gostando delas.Faço isso com pessoas também,converso com elas  mas desprezo pelas atitudes.E essa vontade de mandar todo mundo se fuder,não passa.Tenho mentido ultimamente,e faço isso pra preservar as pessoas das realidades que não querem ouvir.Todo mundo diz querer ouvir a verdade por pior que ela seja,mesmo que ela foda com toda sua vida.Mas,até que ponto essa verdade faz bem? Não que mentir seja a coisa certa a fazer,mas quando se trata de algo pessoal ,a mentira torna um fato oculto onde você não quer que ninguém saiba, mas todo mundo quer invadir sua privacidade, julgar seus atos e sentir suas emoções,por isso ela é necessária.Quero ter o direito de não dizer algumas coisas. Droga,essa tontura aumentou.Enfim,não sei como,mas ultimamente,tenho certa dificuldade de dizer o que eu realmente sinto,quando era criança,eu conseguia dizer certas loucuras que aconteciam dentro de mim, hoje, me encolho no canto,cruzo as mãos e suo como um porco velho e não sai uma palavra se quer. Sei que tenho sérios problemas com essa atitude,mas não sei se quero dizer o que passa comigo.Acho muito mais fácil enlouquecer sozinho.Quiseram me dar remédios esses dias atrás porque resolvi sumir sem dar notícias, loucura não?
Não gosto de remédios,por isso gosto de acreditar em outras alternativas para combater certas coisas.
Mas na verdade,tomei alguns essa noite, fraquinho, mas tomei. Alguns 12 comprimidos que me fizeram dormir igual um bebê que acaba de receber da mãe seu leite materno.O pior,é que não penso em me matar, mesmo que já tenha tentado. Ás vezes só queria fugir um pouco para meu lado oculto,onde ninguém consegue-se entrar e lá encontrar a tal paz dentro de mim.

domingo, 14 de abril de 2013

"Como a futilidade se tornou amor "

Domingo,
E mais um dia passando lentamente sobre meus olhos fixados na velha parede branca , cheia de mofo e com um cheiro estranho, sim , essa parede tinha um cheiro forte , acho que era cheiro mijo.
Mas meus pensamentos estavam além daquela parede, e me perdi dentro da hipocrisia humana . Algo meio cômico para alguém que está dentro de um quarto de hospício , mas fazer o que , acham mesmo que eu sou louco , pau no cú deles , por isso, eu realmente não sou. Posso ter esquisofrenia, ter depressão , mas tenho sã consciência de tudo que acontece ao meu redor. Tanto , que esses dias , a moça do quarto 303 me pediu pra chupar ela , eu não chupei não , estamos sem água há quase um mês , eu não ia chupar alguém totalmente porca como ela. Eu sei , eu sou homem , 57 anos , preso num quarto de uma ala para loucos há quase dois anos e sem ter mulher , é claro que alguém em estado animal , teria topado em chupar aquela mulher e se livrar das vontades sexuais. Talvez , por isso , devem me achar louco . Mas essa mulher me fez pensar como a hipocrisia humana vem aumentado , como a futilidade se tornou amor e como algumas pessoas fingem ser feliz, porque , eu , mesmo com todas as pessoas ao meu redor me tratando como um porco , sou mais feliz do que alguns orgasmos fingidos nesses quartos de motel. Por que arrumar alguém pra transar é muito fácil ,são todos querendo satisfazer suas carências , são todos querendo provar para uma tal de elite que eles também são comedores de bucetas sujas , mas no final , eles é que são os loucos , que não aprenderam a aprender com a vida, porque é muito legal ter um monte de pseudos amigos. Ah , eu sei que não estou nesse quarto imundo atoa , mas , a minha vida aqui dentro é mais normal do que essa diversão exagerada que as pessoas vivem hoje em dia.Sexo , putaria, diversão, drogas ... tudo se resumiu a isso , são poucos aqueles que pensam que um dia alguém ira se apaixonar por algo que escreveu, por isso , meu caro mundo, esse cara de 57 anos, vai atrás de sua pseuda felicidade também.

E você que encontrar essa carta sobre meu corpo , por favor, não à jogue fora

Assinado :
Um louco feliz.
6.

Fechamos as janelas, a porta e só ouvíamos as vozes da TV ao fundo. E por mais inacreditável, à música da velha Paris tocava junto com todos aqueles nossos olhares que eram iluminados apenas por pequenos raios de luzes que escapavam da janela fechada.
O vinho já tinha feito efeito , e o seu sorriso parecia mais fascinante e encantador . E as paredes dançavam junto com meus cabelos que flutuavam sobre os seus.
As peças de roupas perdidas pelo quarto , e apenas dois corpos sobre a pequena cama de solteiro , relembrando as cenas dos tempos perdidos , cada beijo sem significado , alguns momentos de prazer e aquela antiga lembrança do velho sapato que eu via quando encarava o chão.
E o tão esperado toque do seu corpo , tinha finamente chegado em minha vida , e eu me vi , ali , deitada e encarando seus olhos que tentavam dormir , ou fingiam , porque as vezes tinha a impressão que eles também me encaravam. E a tal felicidade , o tal clichê , encheram meu coração com tal desespero de alegria , que eu simplesmente sabia que não tinha como fugir de tudo aquilo , e dessa vez , eu realmente, não iria fugir.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

5.

Por um segundo pensei em desistir de tudo , esquecer o cheiro do velho malboro vermelho, ou apenas deixar de encarar aquele olhar cansado de insônia.Mas quem disse que conseguiria se forte para deixar pra trás aquelas histórias planejadas na madrugada, onde tudo parecia tão certo. Não conseguiria desistir , mesmo que tudo parecesse tão incerto. Não conseguiria deixar de rir , mesmo quando escorressem lágrimas em meus olhos. Não conseguiria dizer "não", para suas tentativas de me levar para nossos lugares secretos . Não conseguiria não me apaixonar, pelas suas tentativas de fazer dar certo . Não deixaria a gente escapar de novo de tudo isso , mesmo que tenha vezes que ache mais fácil .
Ah , não conseguiria não me apaixonar por você, mesmo que tenha relutado e sentido medo na maioria das vezes.
E quando te tenho em meus braços , seja na velha varanda  ou segurando seu cigarro , e sinto o cheiro do seu cabelo , que são bem mais cuidados do que o meu, eu queria poder ter todos os clichês do mundo quando estou do seu lado. Pois , hoje eu sei, que não conseguiria , não amar você.
E talvez , toda essa confusão que é nossa história , não termine nunca.
E talvez, eu possa acreditar nesse amor, mesmo que me dê um medo terrível e mesmo que ás vezes eu não acredite . Mas você vai estar lá , fazendo eu acreditar que podemos fazer dessa história a mais inesquecível , pois, vamos brigar , sentir ciumes , falar palavrões , e vamos rir disso tudo , e ficar questionando e relembrando cada momento , lembrando das nossas besteiras , vamos ofender um ao outro, vamos sempre ter os encontros mais estranhos e ter nossos lugares favoritos.
E vamos morrer de rir , acender seu cigarro , conhecer New York e Paris , não vamos casar , esqueceremos de pagar contas , vamos dividir um colchão no chão, descobrir mais lugares escondidos, vamos ficar questionando nossas ideologias , vamos ter os mesmos gostos . E eu vou ficar te encarando nas madrugadas enquanto decoro as milhares  leis , enquanto você sorri para o infinito com o seu velho malboro vermelho na mão.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Acho que todos nós já nos sentimos, pelo menos um dia na vida, fracassados.
Seja porque não conseguiu tal emprego, não conseguiu estudar o que queria ou pelo simples fato de não ter ganhado na megassena por dois miseráveis números. Sim , conheço muita gente que lamenta por não ter conquistado suas coisas. Hoje eu acordei me achando fracassada, não pelo simples fato de ainda não ter conseguido aquilo que planejei durante 10 anos, porque de um jeito ou outro ainda realizarei esses "sonhos". Mas sim, pelo fato de não fazer nada para mudar tal fracasso, a tal acomodação que me vi e que impuseram na minha vida, talvez para eu não sofrer com o mundo La fora, me fez perceber hoje que como é fácil não ser ninguém na sociedade, ser mais um número de CPF, um rostinho bonito trabalhando para o sistema. Lamentável pensar que isso seria mais fácil, trabalhar e ter dinheiro, trabalhar e ter colegas, trabalhar e ter uma boa transa no fim de semana. O pior de tudo , é de qualquer forma você precisa participar desse sistema , desse julgamento social que foi imposto para você. Você precisa trabalhar, mesmo que seja fazendo aquilo que não goste você precisa estar em uma faculdade, mesmo que não sejam naquela que você passou dois anos tentando entrar. Como dizem, o mundo é dos mais fortes, é daqueles que lutam para ser alguém na vida. Mas eu também lutei todos nós lutamos de alguma forma, e o que resta para você no final? Alguém sempre será mais forte que você, alguém sempre enfiará o dedo na sua cara dizendo que é besteira tentar algo arriscado e que é mais fácil viver o prático, aquilo que você já tem, sem qualquer perspectiva de vida.
Ah, essa balança entre o prático e o desejo, me enlouquece na maioria das vezes.
Hoje resolvi abrir o "Tarô”, sim acredito nessas coisas, e acho necessário acreditar em coisas que quase ninguém acredita ou duvida , faz bem sair um pouco do padrão do ateísmo ou do fanatismo religioso, faz bem para mim pelo menos. E realmente não faço questão nenhuma de questionar quem acredita ou não , a ideologia religiosa é de cada um e deve ser respeita . Mas enfim, faz bem ás vezes "ler" e acreditar que tudo vai dar certo, e que sua autoestima precisa estar sempre bem para tudo conspirar ao seu favor. Mesmo que você saiba como tudo funciona, sabe a receita certa para caminhar com a consciência tranquila. Mas, quando você acorda se sentido “fracassada” você apaga de sua memória esse tal tempero que faz a diferença. Eu realmente não sei como vai caminhar minha vida daqui pra frente, algumas decepções aconteceram esses dias, e me fez criar novas opções e novos horizontes, mas essa caminhada ainda parece tão distante , tão utópica e tão sem destino , que parece que nunca nada vai acontecer.Mas aquele tempero da receita da vida, que te faz levantar toda manha e levantar a cabeça , deve ter algum motivo , e mesmo que não tenha , faz bem acreditar que são apenas momentos para te fazer fortalecer na vida. Sim, deve ser esse motivo.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Ela começou a se arrumar cedo , ficou decidindo a cor do vestido , o jeito como ficaria seu cabelo e a ansiedade tomava seu coração .
Enfim , estava no ponto do ônibus esperando e ouvindo suas bandas favoritas naquele velho mp4 e o brilho de seus olhos denunciavam a alegria de encontra-lo outra vez. O ônibus azul chegou, e ela subiu com um simples sorriso no rosto cumprimentando o motorista e todos a olharam "Devo estar bonita , talvez ele goste do vestido". 
Ficou contando os minutos enquanto o ônibus não chegava ao tal destino , e percebeu o quanto estava ridícula dentro da sua própria ansiedade.E era a primeira vez , que conseguia chegar 30 minutos antes e ria sozinha dentro do ônibus azul.
Chegou no ponto , desceu e um leve vento fez seu vestido subir . e ela toda envergonhada e tentando controlar aquele pano que teimava em descer .
Foi caminhando para o tal lugar que tinham marcado , seu coração acelerado e a imagem de seu rosto refletido naqueles óculos escuros não saiam de seus pensamentos.
Chegou , 30 minutos adiantada da hora marcada , mas ele sempre chegava cedo , talvez , estivesse já ali , à esperando com o cigarro acesso na mão. Mas ele não estava , e ela ficou preocupada , mas como estava adiantada nem ligou. Encostou na parede velha e ficou observando as pessoas que chegavam e saiam , e ela estava ali , ansiosa . As pessoas a encaram e comentavam algo quando passavam pela sua imagem encostada naquela parede.
Um homem , com cabelos castanhos e de moletom , chegou e ficou parado do seu lado , encarando um velho livro. "Deve estar esperando alguém também e qual será o livro que está lendo" ela pensou.
E os minutos foram passando , e a sua ansiedade crescendo . O tempo passou da hora combinada e ela andando impaciente de um lado para o outro e encarando o relógio , incomodou o velho homem com o velho livro. Ela pensava "Ele já vai chegar", e seu coração apertava cada vez que não reconhecia seu rosto no meio daquela multidão.
O velho acompanhava sua angústia, e com um tom confortante , depois de observa-la encarando cada rosto que passava , encarando o relógio e trocando as músicas rapidamente de seu velho mp4 disse :
"Talvez ele não venha"

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

4.

A chuva caia e as pessoas passavam rápido ,procurando se esconder daquelas gotas .
E ela olhava fixamento para seus olhos enquanto ele formava as palavras certas em sua cabeça.
E quem diria que ela fosse novamente acreditar e confiar em tudo que ele dizia ?
E que toda aquela procura , de novas paixões, fossem apenas para esperar e  presenciar aquele momento.
Ele inquieto e ela apenas aproveitando aqueles poucos minutos que o tinha junto de ti.
Seus olhos encarando aquela simpática mulher que falava no celular e preocupada com seus filhos. E ele ? Ah, ela realmente não sabia, mas já estava acostumada com aqueles olhares perdidos.
Foi quando as palavras não fizeram sentidos, seu mundo todo caia e girava lentamente. E ele olhando fixamente para seus olhos , com o rosto vermelho e a segurando pela cintura. E foi quando ela percebeu , que tudo aquilo iria caminhar com seus milhares de problemas , com muitas confusões e  apenas com aquela certeza que tudo de alguma maneira, daria certo.

domingo, 6 de janeiro de 2013

3.


Faziam dois anos que aquela confusão por chamar por um nome , não incomodavam suas noites.
Ela se pegava pensando no modo que ele colocava o cabelo para trás, ou quando soltava a fumava do cigarro olhando fixamente pro nada.
Acordava de madrugada , e se questionava se ele ainda estaria ali , mesmo depois de tantas promessas . Tinha medo de promessas , tinha medo de tudo aquilo. E não era novidade aquela tal agonia , aquele desconforto da negação .
E aquela tal tarde , aqueles olhos que à miravam de pleno prazer, pareciam não sair de sua memória.Ah!aquela tal tarde chuvosa, que iria ficar preso no seu inconsciente mais profundo e mais secreto.
Só os dois sabiam da tal tarde, da tal sala , dos tais beijos.
E as tais promessas? Continuavam intactas?
Ah! se ele soubesse o que realmente assombrava seus medos .
Aquele tal clichê que ás vezes nem existiam , e talvez ela questionava o porque daquela falta de exposição para o mundo. Mas sabia que aquilo não era necessário , suas tais neuroses, seus tais medos , suas tais confusão e o seu "tal" amor.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A tal carta suicida.

III .

Dizem que os suicidas sempre dão sinal de quando realmente não aguentam mais.
Acho que eu realmente os entendo , não que eu quero me matar ou coisa do tipo , mas simplesmente compreendo a dor que eles sentem ao querer tirar suas vidas. Dizem que suicidas são egoísta , pelo contrário , sempre os achei corajosos , e apesar de ter criado um certa vida , conhecido pessoas, para eles sempre vão faltar alguma coisa, um vazio no coração que realmente ninguém entende , mas eu realmente os entendo.E isso ás vezes soa estranho , entender um suicida , sem ser um . Mas como acredito em reencarnação , devo ter sido um em outras vidas , e não tenho medo disso .
Essa tal sociedade hipócrita que julgam as dores e lamentação dos suicidas, ao invés de dar algum tipo de solução e apenas o condena por querer tal ato. Sei que perante lei reais e Divinas é contra qualquer tipo de sabe Deus o quê , moral ? , tira a própria vida. Não julgo eles culpados , pois nunca vamos realmente saber o que esse passou e o por que não conseguiu se estabilizar e lutar para viver.

Encontrei aquela carta , naquele envelope sem cor , sem assinatura ou coisa do tipo. Mas sabia exatamente sobre o que era . Era aquela tal carta que ele tinha escrito para mim antes de cometer tal ato. Não abri , não li , apenas guardei comigo , para quem sabe um dia ter a coragem de ler.

Um dia antes, estava sentado com ele naquela velha escada de uma rua sem saída, conversávamos sobre a vida. Ele disse que estava com saco cheio de duvidarem da sua capacidade , de duvidarem da sua visão e que já não aguentava mais ouvir aquelas vozes que atormentavam suas noites mal dormidas. Não disse nada , gostava de ouvir as pessoas , apenas disse que entendi o que ele passava. Ele pegou me deu um abraço , beijou minha testa e disse : "Obrigada , pelo menos alguém de coração bom me entendeu" , levantou e foi embora , com uma tal coragem de dominar o mundo.
Mas eu mal sabia que aquilo era um "Adeus".